Estou a alguns dias sem comer. Me faz mais falta a água
do que o pão. O pão, que pouco tive. A garganta seca. Sinto o estômago já tão
colado que não faz mais sentir dor. A única dor verdadeira vem da alma. Alma
que sentirá a leveza em pouco tempo, se assim Deus permitir. Um sofrimento
interior corrói os meus nervos, deixando a certeza de que nada mais pode ser
feito. Se visse-me, meus olhos fundos e minha voz pálida, com certeza pensaria
em fazer alguma coisa. Mas é tarde. Eu não quis que fosse assim, talvez você
também não quisesse. Mas estava tão ocupado, preocupado com sua aparência e em
comprar bens, que acabou esquecendo de mim e de outros tantos pelo mundo. Uns
até tão perto de você. Quando ultrapassamos a barreira do útero materno éramos
iguais. Tenho dó de você. Assim que eu chegar ao céu, pedirei à Deus que não
deixe faltar nada importante para você...
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