O local,
bucólico, lembra uma pequena cidade do interior. A igreja Matriz, imponente e
calma. Os bares e restaurantes ao redor como fiéis. Muita gente andando
descontraidamente pela praça, ao redor da igreja... Se veem alguns prédios,
estão perto mas enganam a nossa visão fingindo-se distantes. Fundada em terras
herdadas por Manuel Preto, um bandeirante paulista, dos maiores sertanistas –
longe de ser um mártir libertador - este caçava índios para escravizá-los. Chegou
a prender tantos em sua capela de Nossa Senhora da Expectação do Ó que até os
dias de hoje vemos alguns escravos circulando pelos arredores. Escravos das
drogas. Escravos do abandono do Estado. Vítimas da violência urbana que assola
o país. Em meio a esses neo-zumbis tupiniquins surge uma figura de porte
avantajado (não vertical, mas horizontal), olhar de tranquilidade e muita
afeição que, gentilmente acena para uma moça que passa do outro lado da rua.
Logo em seguida abre a porta para um senhor que está à sair do seu carro. Após
observá-lo alguns instantes é inevitável não perceber que trata-se de um
“flanelinha”. Mas não um “flanelinha qualquer”, “O flanelinha”. Percebe-se
facilmente que é bem relacionado, muito educado e querido pelos comerciantes e frequentadores
do local. Leva o negócio como uma extensão de seu trabalho (trabalha durante o
dia em uma empresa), todas as noites e aos finais de semana. Exemplo de
batalhador. Exemplo de honestidade. Mais exemplares desses transformariam o
bairro, a cidade, o país e até o mundo. Mas, os holofotes da praça, só iluminam
a igreja.
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