quarta-feira, outubro 29, 2014

Freguesia do Ó (número sei lá qual)

O local, bucólico, lembra uma pequena cidade do interior. A igreja Matriz, imponente e calma. Os bares e restaurantes ao redor como fiéis. Muita gente andando descontraidamente pela praça, ao redor da igreja... Se veem alguns prédios, estão perto mas enganam a nossa visão fingindo-se distantes. Fundada em terras herdadas por Manuel Preto, um bandeirante paulista, dos maiores sertanistas – longe de ser um mártir libertador - este caçava índios para escravizá-los. Chegou a prender tantos em sua capela de Nossa Senhora da Expectação do Ó que até os dias de hoje vemos alguns escravos circulando pelos arredores. Escravos das drogas. Escravos do abandono do Estado. Vítimas da violência urbana que assola o país. Em meio a esses neo-zumbis tupiniquins surge uma figura de porte avantajado (não vertical, mas horizontal), olhar de tranquilidade e muita afeição que, gentilmente acena para uma moça que passa do outro lado da rua. Logo em seguida abre a porta para um senhor que está à sair do seu carro. Após observá-lo alguns instantes é inevitável não perceber que trata-se de um “flanelinha”. Mas não um “flanelinha qualquer”, “O flanelinha”. Percebe-se facilmente que é bem relacionado, muito educado e querido pelos comerciantes e frequentadores do local. Leva o negócio como uma extensão de seu trabalho (trabalha durante o dia em uma empresa), todas as noites e aos finais de semana. Exemplo de batalhador. Exemplo de honestidade. Mais exemplares desses transformariam o bairro, a cidade, o país e até o mundo. Mas, os holofotes da praça, só iluminam a igreja. 

Nenhum comentário: